Balançar

"Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..

Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.

Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...

Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.

Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.

E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração."

Porque há momentos em que o coração balança...
...balança até cair e quebrar laços.

Existências

Sou fácil de chorar, difícil de não perdoar…fácil de sorriso, difícil de me entregar.
Tenho medo de me sentir abandonada, e necessito de afectos.
E nesta época de morte e ressurreição, de dualidade de sentimentos, pus-me a pensar…
Pensei naqueles assuntos batidos, naquelas perguntas que se tornam banais…o que é a fé? Para que existe? Será que eu sou crente em alguma coisa?
E só consigo chegar a um segmento de pensamentos ainda que um pouco delineados, cada vez se tornam mais marcados…
A morte é o fim, para mim, fim na sua plenitude.
Se durante a nossa existência acreditarmos em algumas coisas que nos dêem sentido a existência, então é nisso que devemos acreditar.
Se queremos pensar que a morte não é um fim, para ficarmos menos atormentados, então é nisso que devemos acreditar.
Se acreditarmos na existência do pecado e isso for um vinculo para sermos melhores, como cidadãos do mundo, com valores, pensando, não posso fazer isto ou aquilo porque é errado, porque é um pecado então é nisso que acredito…
Pouco importa se existe pecado ou não, se pensando que sim é uma maneira de controlar guerras, desavenças…e fazer paz.
Pouco importa o que chamem ao Ser em que acreditem, se esse Ser for o mentor de tudo o que for bom e suavizar a existência.
E podes continuar a caminhar a meu lado, mesmo sem falar comigo.