O tempo desfaz-se

O tempo desfaz-se em vontades, em rotinas, em projectos, em verdades, em mentiras...
O tempo desfaz-se em sentimentos, em afectos, em desgostos. Desgostos silenciosos que se alastram, e andam de mão dada sem se falarem.
Já não somos o que queríamos, já não sou o que queria.
O tempo desfez a espontaneidade que é a moda enquanto crianças.
Desfez em pedaços, em lágrimas, em sorrisos em fugas e regressos.
A verdade, a confiança fugiu, as exigências não são as de criança.
Não são tão triviais como quando se partilhava uma brincadeira e já se era cúmplice.
Desfaz-se em vontades, em retratos...
O que restará sempre é a mesma noite, o mesmo copo, a mesma sede.
Num fim de festa, todos saberemos quem somos, mas por vezes mais vale nem lembrar...e perdemo-nos noutro sonho.
Quase que fomos o que queriamos.
Quase que somos o que queremos.
Quase que fugiamos mas voltamos.
Tudo se tem de abraçar e agarrar, vamos aprender a existir, a ver o sol nasçer.

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